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Extermínio Brasil
Extermínio Brasil


          

           Havia apenas aqueles zumbis por toda a parte. Metade da humanidade morrera em menos de uma semana quando a epidemia se espalhara. Cerca de 3% sobreviveram como humanos e o restante transmudou-se em monstros. A melhor hora de matar um zumbi é assim que a pessoa é infectada, por mordida ou arranhões, devendo ser liquidada de imediato. Recém transformados ainda guardam um pouco da força e da mobilidade humana, sendo mais perigosos. Com o passar do tempo ficam lentos, mas incrivelmente vorazes reduzidos a máquinas de matar.

           

         As crianças, desde cedo, eram treinadas como soldados. Não existiam mais civis. Ou a humanidade passava a lutar ou seria extinta. Todos tínhamos armas e usávamos bombas para exterminar as pragas da melhor forma possível. Saíamos em expedições diurnas, pelas cidades, campos e vilas, exterminando e purificando de novo a Terra. O planeta tornara-se acinzentando devido ao número inusitado de explosões e de queimadas de corpos que éramos obrigados a promover por toda a parte.

 

            Meu pelotão saíra de Brasília em direção a Belo Horizonte. Na Capital Federal era mais fácil liquidar as pragas. Nos grandes espaços eles ficavam vulneráveis e usávamos iscas falsas. Ficávamos inertes, parecendo fáceis, no centro de um grande espaço aberto ao amanhecer. Nosso cheiro os atraía e, assim que se aproximavam, sacávamos das armas e de lança-chamas. Grupos de bons atiradores, antes escondidos, apareciam e faziam o resto. Conseguíamos eliminar centenas, até milhares, a cada empreitada  e a cidade já estava ficando limpa em grandes áreas permitindo que desenvolvêssemos atividades de cultivo e pastoreio em plena Esplanada.

 

            Belo Horizonte não estava assim. A cidade, devido à geografia, facilitava o domínio das pragas e a campanha de resistência era difícil. Pelotões saíram de nossa cidade, e de outras, em socorro aos irmãos mineiros. Um comboio de oito ônibus reforçados saiu, na madrugada, em direção à cidade. O caminho foi difícil, acidentado, com a estrada precisando ser desimpedida freqüentemente por um caminhão reforçado que ia à frente do grupo fazendo as vezes de um abre-ruas.

 

            Chegando a BH, depois de matarmos algumas dezenas de zumbis, vimos a cidade repleta de barricadas e tudo muito silencioso. Não havia como continuar com os veículos. Fizemos, à moda dos antigos cowboys, uma barricada circular com os mesmos e metade do grupo ficou, enquanto a outra metade ia ao ponto de encontro. Começamos a caminhar e não víamos nada, nem pessoas, nem zumbis. Chegando à Lagoa da Pampulha, em um ponto marcado, vimos pessoas atadas a cordas e amordaçadas. Cautelosamente, seguimos na sua direção. Quando nos viram começaram a se mover, batendo pernas e se agitando como podiam. Fizemos sinal para que ficassem quietos. Quando nos aproximamos, ao tirar as primeiras mordaças, uma jovem loira gritou:

 

            - Fujam! É uma emboscada! Os zumbis daqui ficaram inteligentes... – Nisso sua cabeça é estourada por uma bala e o sangue jorra por todo lado. Zumbis, armados por fuzis e metralhadoras trucidam nosso grupo de modo que não nos matam, mas ferem mortalmente enquanto, ainda vivos, vamos sentindo o peso de suas dentadas por nossos corpos abatidos...

 

Autor: Jurandir Araguaia

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